Pobreza cai ao menor nível da história e atinge 33,5% no RN, aponta IBGE
Foto: Alex RégisA pobreza no Rio Grande do Norte caiu e atingiu, em 2024, o menor patamar desde o início da série histórica da Síntese de Indicadores Sociais (SIS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2012. Pela primeira vez, menos de 40% da população potiguar vive abaixo da linha da pobreza. Segundo os novos dados divulgados nesta quinta-feira (5), o Estado registrou 33,5% de pessoas nessa condição — uma queda de 10,3 pontos percentuais em comparação com 2023, quando o índice era de 43,8%.
A redução coloca o RN como o melhor desempenho do Nordeste, região que apresentou, no mesmo período, taxa média de pobreza de 39,4%. Além disso, o estado aparece à frente de unidades maiores, como Bahia, Ceará, Pernambuco e Maranhão, algo raramente visto nas estatísticas sociais.
A linha de pobreza utilizada pelo estudo considera como pobres aqueles que vivem com renda domiciliar per capita de até R$ 692 mensais, valor calculado pelo Banco Mundial e ajustado pelo Poder de Paridade de Compra (PPC). A extrema pobreza, por sua vez, abrange quem tem renda de até R$ 217.
Em 2024, o RN registrou 5,2% da população em extrema pobreza — o menor percentual desde 2014, ainda que acima da média nacional (3,5%).
Grande Natal lidera redução
A Região Metropolitana de Natal apresentou a maior queda entre todas as áreas do estado. De 2023 para 2024, a taxa de pobreza passou de 40,1% para 25,7%, redução de 14,4 pontos percentuais. A extrema pobreza caiu de 6,4% para 4,3%.
Na capital, Natal, o avanço também foi significativo. A pobreza recuou de 31,9% para 21,7%, enquanto a extrema pobreza caiu de 4,3% para 3,8%. A cidade está em situação mais favorável do que a média nacional — 23,1% de pobres e 3,5% de extremamente pobres.
O IBGE observa que áreas metropolitanas tendem a reagir mais rapidamente às mudanças no mercado de trabalho, especialmente em períodos de recuperação do emprego formal, como registrado no biênio 2023–2024.
Desigualdades persistem
A redução da pobreza não elimina a desigualdade de renda no estado — e, em alguns recortes, ela até se intensificou. O estudo aponta que sete em cada dez potiguares (70,1%) vivem com até um salário mínimo por mês, índice alto, porém inferior ao de 2023, quando eram 76,01%. O contingente sem nenhum tipo de rendimento caiu de 1,3% para 0,9%, o menor percentual da década.
A distribuição de renda em 2024 mostra:
23,1% entre ¼ e ½ salário mínimo;
35,4% entre ½ e 1 salário mínimo;
11,4% entre 1 e 2 salários;
6,7% entre 2 e 5 salários;
2,2% acima de 5 salários.
O recorte por raça e gênero revela as desigualdades estruturais mais persistentes em 2024:Homens brancos tiveram renda média de R$ 2.013;
Mulheres brancas: R$ 1.738 (13,67% a menos);
Homens pretos ou pardos: R$ 1.365 (32,2% a menos que homens brancos);
Mulheres pretas ou pardas: R$ 1.354 (32,75% a menos que homens brancos).
A desigualdade entre homens brancos e mulheres pretas ou pardas aumentou desde 2013, quando a defasagem era de 29,2%. O IBGE destaca que isso está ligado não apenas ao acesso desigual ao mercado de trabalho, mas ao tipo de emprego ao qual cada grupo é mais frequentemente direcionado: homens brancos seguem concentrados em funções de direção, gestão e áreas de maior remuneração.
Transferência de renda
O estudo do IBGE revela que o percentual de pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza seria maior no Rio Grande do Norte se não existissem benefícios de programas sociais governamentais. Nesse caso, a proporção de pessoas vivendo abaixo da linha de extrema pobreza em 2024 teria sido de 16,2%, e não os 5,2% observados.
Já a proporção de pessoas na pobreza teria sido de 40,4% da população potiguar. A mesma tendência é observada na Região Metropolitana de Natal, que teria 31,2% de sua população abaixo da linha de pobreza e 12,6% na extrema pobreza em um cenário em que os benefícios financeiros dos programas de transferência de renda não existissem.
#Fonte: Tribuna do Norte












Foto: Adriano Abreu
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