IMPORTANTE: Viciados em Smartphones


Quem possui iPhone, Blackberry ou Galaxy, os chamados smartphones - ou telefones inteligentes, numa tradução livre - sabem as facilidades e tentações que eles proporcionam. Para muitos, eles facilitam muito as coisas, seja no lazer ou no trabalho: despertador, e-mail, tocador de mp3, máquina fotográfica, filmadora, redes sociais, calculadora, GPS, jogos, dicionário, além de uma série de aplicativos à disposição. Cada vez mais o aparelho se torna multifuncional. Isso tudo faz com que muita gente não consiga se desgrudar do seu 'brinquedinho', numa espécie de vício tecnológico. E o número de dependentes só aumenta.

É crescente o número de pessoas dependentes dos chamados celulares inteligentes, aparelhos modernos e com multifunções. No Brasil, os viciados já chegam a 60% da população, de acordo com pesquisa da revista Times (EUA)É crescente o número de pessoas dependentes dos chamados celulares inteligentes, aparelhos modernos e com multifunções. No Brasil, os viciados já chegam a 60% da população, de acordo com pesquisa da revista Times (EUA)

Se você tem dificuldades de se desconectar, escuta o telefone tocando ou vibrar quando ele não está de fato, possui dois chipes ou mais no aparelho para garantir suas ligações e contatos ou atribui cada mais funções a ele, é bom começar a se preocupar: você pode estar viciado!  

Uma pesquisa realizada pela revista norte-americana Times, em parceria com a empresa Qualcomm, afirma que cerca de 60% dos brasileiros não conseguem se desligar de seus smarts, checando as notificações a cada 30 minutos, sejam e-mails, MSN, postagens em redes ou mensagens de SMS. Mais de um terço é tão viciado que não consegue passar sequer dez minutos sem mexer no dispositivo. 

E quanto mais jovem, mais vidrado nessas maravilhas tecnológicas. É só prestar atenção numa rodinha de amigos no shopping ou no intervalo do colégio.  

Só que o comportamento compulsivo por smartphones deixa muita gente chateado. Quem não tem um amigo nerd que passa o tempo todo teclando no aparelho ou comentando o que postaram ou curtiram? 

Tem outros que mal compram um modelo novo de aparelho e já estão pensando em um outro ainda mais moderno que está por vir. 

Cadê meu celular?!?

Sabe aquela tristeza que bate quando você perde o celular, é roubado ou fica sem ele por um bom tempo? Ela atinge muitas pessoas no mundo e é chamada de "nomofobia", corruptela da expressão inglesa "no mobile phobia", e afeta principalmente os mais mais jovens, viciados em redes sociais, que sofrem quando estão desconectados. É quando o distúrbio se manifesta com força. 

Para alguns pensadores das chamadas novas tecnologias, o aparecimento dos smartphones de certa forma destruiu a magia do acaso, como descobrir um bar novo ou restaurante de forma inusitada ou conhecer alguém espontaneamente. 

Um estudo realizado em 2012, pela empresa de telefonia SecurEnvoy, com cerca de mil pessoas, no Reino Unido, revelou que 66% delas se consideravam muito angustiadas apenas com a possibilidade de perder o celular. Jovens entre 18 e 24 anos representavam 76% dos angustiados.  

Já a empresa Mingle, da França, aponta que 22% dos franceses admitem ser "impossível" ficar mais de um dia sem celular. Dos 1.500 entrevistados, 34% possuíam entre 15 e 19 anos.   

Vício em 'smart' pode levar à fobia social

Uma das consequências do vício em smartphones, principalmente entre adolescentes, é uma forte tendência ao isolamento e à fobia social. Há quem ache melhor usar alguma das muitas funções desses super celulares do que falar diretamente com alguém. 
"Em contrapartida essa facilidade faz com que o sujeito, de certa forma, evite o contato social,  todo tipo de atrito ou de transtorno, de dificuldade, pois tem tudo fácil no celular, não precisa se expor. E isso aumenta a incidência de certa patologias, que chamamos patologia da modernidade", comenta o psicólogo Klaus Morais, especialista em adolescentes. 
Alex RégisO psicólogo Klaus Morais tem percebido uma incidência maior de adolescentes com fobia social em seu consultórioO psicólogo Klaus Morais tem percebido uma incidência maior de adolescentes com fobia social em seu consultório

Ele esclarece ainda que a situação se agrava mais quando a pessoa já tem uma tendência ao isolamento, convive em um ambiente favorável a esse comportamento, ou então possui uma interpretação equivocada da realidade, tanto de seu corpo quanto social. É quando aparecem as patologias.

Já teve adolescente que se dirigiu ao psicólogo, dizendo:  "Eu sem meu What's up (programa de mensagens instantâneas) me sinto sem uma mão!" O próprio sobrinho do médico disse certa vez: "Sem What's up me sinto órfão de pai e mãe."

Klaus Morais atende adolescentes há vinte anos e diz perceber um aumento gradativo de pacientes nessa faixa de idade com problemas relacionados a excessos, digamos, cibernéticos e de comunicação. Ele acredita terem os jovens ficado mais complexos. "Passam mais tempo jogando e negligenciam a escola; os pais reclamam; também não saem mais de casa. Isso tudo leva aos pais a ficarem mais assustado e eles trazem os filhos mais aqui. Não é que todos os casos tenham relação com essas patologias."  

Os pais, segundo o psicólogo, estão cada vez mais preocupados com esse tipo de comportamento. Até porque alguns especialistas afirmam serem os sintomas do vício em smartphones semelhantes à dependência de drogas.

Klaus Pinheiro concorda com a afirmação e explica que os vícios, sejam eles quais forem - baralho, compras em demasia, nicotina - têm uma resposta neurológica igual às dos jogos de computador ou celulares inteligentes.

"No Facebook há um prêmio a cada curtida, há um prazer que o sujeito recebe a cada comentário a suas postagens. Então, isso reforça no cérebro uma área do prazer e leva o sujeito a ter essa dose de prazer várias e várias vezes, e leva, de certa, à compulsão."

Jovens confessam forte ligação com seus smartphones

A jornalista Polliana Araújo, 24 anos, admite ser viciada em seu iPhone e diz passar o tempo inteiro com ele, desde a hora em que acorda até quando vai dormir. E ela aproveita o que pode das funções do aparelho: usa como despertador, acessa as redes sociais e email, ouve música, assiste a filmes, faz pesquisas, lê, usa como calculadora. "Tudo o que você pode pensar de funcionalidade eu uso."
DivulgaçãoPolliana Araújo, 24 anos, diz não largar o seu iPhonePolliana Araújo, 24 anos, diz não largar o seu iPhone

Polliana diz ficar incomodada se chega uma notificação em seu smartphone e ela não consegue checar. De 15 em 15 minutos, no máximo, ela dá uma olhada para ver se chegou alguma nova mensagem.

Mesmo considerando o fato de trabalhar com conteúdo para a web em uma agência de propaganda e precisar estar sempre conectada à internet, Polliana considera um verdadeiro vício sua relação com seu iPhone.

"Às vezes me incomoda. Por mais que eu goste e não tenha chegado nenhuma notificação, eu fico mexendo. É um vício. Penso: como você fica desperdiçando tempo com uma coisa dessa? Vá ler um livro", comenta a jornalista.

Sua relação com o smart já virou uma espécie de tique nervoso, segundo a própria Polliana, e já incomoda até mesmo seus amigos, que sempre reclamam por atenção no momento em que estão conversando com ela. "Um dia estava na praia e ficava fotografando o pôr-do-sol. Aí um amigo meu disse: deixa de fotografar e olha para o sol. Deixa de ver as coisas pela tela do celular."

Já o estudante de publicidade e estagiário de corretor em uma imobiliária, Allanyêr Fábio Costa, 24 anos, apesar de usar muito o smartphone, não se considera viciado. "Passo o dia todo com ele, mas dependo dele para o meu trabalho, para abrir planilhas e softwares que a empresa manda. Também uso para lazer, para me comunicar com os amigos, baixar aplicativos."

Apesar de ter os aplicativos mais comuns instalados em seu aparelho, Allanyêr diz estar usando muito atualmente o What's Up, já que instalou recentemente e tem muitos amigos e companheiros de trabalho conectados a esse programa de mensagens instantâneas. "Checo de cinco em cinco minutos."    



Bate-Papo: Laurence Bittencou - professor universitário e psicólogo

Em tempos de super celulares, com acesso direto à internet, e-mail e redes sociais, você tem percebido alguma mudança no comportamento de alunos ou ainda interferências no entendimento do conteúdo passado?
Generalizar um tipo comportamento seria no mínimo precipitado. No entanto, é possível dizer que em casos mais específicos sim, o uso de super celulares em sala de aula, pode sim afetar o rendimento escolar. Há sem dúvida casos de alunos que usam as novas tecnologias como forma de dispersão em sala de aula. Mas esses tipos de casos sempre houve de alguma forma com variações de métodos. Apesar do uso, não se pode responsabilizar o desinteresse do aluno apenas à presença das novas tecnologias. Há sempre outras questões por trás do fenômeno apresentado, podemos dizer.
Alex RégisLaurence Bittencour, prof° universitário e psicólogoLaurence Bittencour, prof° universitário e psicólogo


Psicólogos advertem que o vício em smartphones cria uma dependência semelhante à dependência em drogas. O que acha disso? 
Sim, isso é possível. Sem dúvida. No meu caso pessoal, enquanto professor, não tive contato com aluno com esse tipo de dependência. Mas sei de casos de outros professores em que foi necessário haver uma intervenção direta do professor, através de dialogo, para diminuir os efeitos negativos que esse tipo de dependência gera. O mundo contemporâneo prima pelo excesso de correria, e muitas vezes os pais não tem tempo para dedicar uma atenção maior aos filhos e essa ausência abre lacunas para essas demandas por parte dos filhos. Esses artifícios tecnológicos terminam entrando como uma espécie de compensação para o adolescente e mesmo para o adulto.  A falta de diálogo na família repercute em outros âmbitos sociais, gerando lacunas.

#Fonte: Tribuna do Norte
IMPORTANTE: Viciados em Smartphones IMPORTANTE: Viciados em Smartphones Reviewed by CanguaretamaDeFato on 24.2.13 Rating: 5

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