Papa visita Cuba e o México

Vaticano (AE) - O papa Bento XVI criticou ontem a violência ligada ao tráfico de drogas no México e pediu aos cubanos que usem o diálogo para encontrar novos modelos para substituir o marxismo, no início da peregrinação que vai levá-lo aos dois países. Bento XVI falou aos jornalistas após o café da manhã a bordo do voo especial da Alitalia que o leva ao México. O voo deverá chegar a Guanajuato no começo da noite de ontem, pela hora de Brasília. O papa afirmou que a "idolatria do dinheiro" está por trás da violência que já matou mais de 47 mil pessoas no México desde o início da repressão do governo ao tráfico, em 2006. Bento XVI terá um audiência neste sábado à tarde com o presidente mexicano Felipe Calderón, informou a agência de notícias Ansa da Itália.
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A visita de Bento XVI ao México ocorre no momento em que a Igreja Católica local tenta superar um dos piores escândalos a respeito da figura religiosa mais influente na organização no México, o padre Marcial Maciel, morto em 2008 em Houston (EUA). Fundador da ordem Legionários de Cristo, Marcial foi acusado de abusar sexualmente de seminaristas e engravidar algumas fiéis. Ele teria sido pai de três crianças. Documentos da Igreja publicados em um livro nesta semana revelam que o Vaticano sabia que o padre Marcial usava drogas e teve relações com seminaristas há décadas.

Segunda-feira, Bento XVI deixará o México e vai para Cuba, onde, segundo ele, é "evidente que a ideologia marxista, como foi concebida, já não responde à realidade", e pediu que os cubanos "encontrem novos modelos, com paciência, de forma construtiva". Bento XVI será recebido pelo presidente cubano Raúl Castro em Santiago, segunda maior cidade cubana e no oriente da ilha.

Questionado sobre as declarações de Bento XVI sobre o marxismo, o chanceler cubano Bruno Rodríguez disse que o governo de Cuba respeita todas as opiniões. "Nós consideramos a troca de ideais como útil. Nosso povo desenvolveu profundas convicções durante a nossa história", ele disse, ao acrescentar que o sistema cubano "é um projeto democrático e social, que se aperfeiçoa constantemente".

Ao falar sobre o México, ele criticou a violência e a cobiça por dinheiro que, segundo ele, estão por trás do problema que destrói o país, predominantemente católico.

Igreja quer ajudar a promover sociedade mais fraterna

Um jornalista perguntou ao papa o que mudou em Cuba desde a primeira visita de seu antecessor, João Paulo II em 1998, já que a ilha foi governada por Fidel Castro durante décadas. Bento XVI respondeu que "é evidente hoje que a ideologia marxista como foi concebida não responde mais à realidade". Para ele, "temos de encontrar novos modelos, com paciência, de uma forma construtiva." O pontífice lembrou que "este processo exige paciência e também determinação".

O jornalista referiu-se a relatos de que dissidentes cubanos ainda são rotineiramente perseguidos e detidos, mesmo nas semanas anteriores à visita do papa. Bento XVI afirmou que a igreja quer "ajudar no espírito de diálogo para evitar traumas e ajudar a promover uma sociedade justa e fraternal, como queremos em todo o mundo".

"Queremos colaborar nesse sentido e é óbvio que a igreja está sempre do lado da liberdade, liberdade de consciência, liberdade de religião", declarou o papa.  Bento XVI disse que a visita de João Paulo II a Cuba introduziu um lento processo de diálogo e cooperação entre a igreja e o Estado cubano.

A viagem de uma semana ao México e Cuba, a primeira do pontífice aos dois países, será um teste de resistência para o papa, que completa 85 anos em abril. No aeroporto em Roma, ao embarca ontem, Bento XVI usou uma bengala, aparentemente pela primeira vez em público, pela pista.

Auxiliares do papa, falando em condição de anonimato, disseram que Bento XVI já vem usando a bengala há dois meses em situações particulares, porque ela o faz se sentir mais seguro, não por razões médicas.
Papa visita Cuba e o México Papa visita Cuba e o México Reviewed by CanguaretamaDeFato on 25.3.12 Rating: 5

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