Cerca de 86 milhões de pessoas foram afetadas direta
ou indiretamente por secas e chuvas ocorridas no Brasil de 1990 até
2010, disse hoje (19) o professor Carlos Machado, da Escola Nacional de
Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ao falar sobre Gestão
de Desastres Naturais no 4º Seminário Internacional de Engenharia de
Saúde Pública, Machado destacou que 5,5 milhões de pessoas foram
diretamente expostas a esses desastres.
No período analisado por Machado, 1.780 pessoas morreram nos eventos
que ocasionaram os desastres, mas o número de mortes efetivamente
causadas por eles chega a 460 mil, se forem incluídas doenças e outros
males desencadeados pelas tragédias.
Apesar disso, apenas 6% dos municípios brasileiros contam com planos de
risco – em 10% deles estão sendo estudados meios de se preparar para
situações de emergência. De acordo com o pesquisador, nesse grupo,
encontram-se principalmente municípios com mais de 500 mil habitantes.
Ao analisar casos como a tragédia que deixou mais de 900 mortos na
região serrana do Rio de Janeiro em 2009, Machado chama a atenção para a
recorrência dos deslizamentos, que, em 1987, já tinham causado 282
mortes nos municípios de Petrópolis e Teresópolis. De 1987 até 2009,
lembrou o professor, houve mais cinco episódios com mais de 300 vítimas.
Mesmo assim, no ano do maior desastre, 35 unidades de saúde (81% das
localizadas nos maiores municípios atingidos) estavam em áreas de risco,
sendo 14 em locais de altíssimo risco. Segundo ele, mais de 90% dos
pontos em que os deslizamentos provocaram acidentes eram de preservação
ambiental.
Sobre
as 20 mortes ocorridas nos últimos dias em Petrópolis, novamente em
consequência das chuvas, Machado ressaltou a responsabildade das
autoridades: "É necessário um investimento rápido e urgente na
construção de novas casas e em medidas de engenharia para tornar essas
áreas [de risco] menos vulneráveis. O poder público em nível municipal,
estadual e federal tem responsabilidade nesse processo." Para o
professor, existe espaço para realocação negociada das pessoas, com
participação da comunidade. "Ainda há muitas casas e mesmo
estabelecimentos de saúde que são vulneráveis", destacou.
A representante da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Mara
Oliveira, chamou a atenção para o problema dos escombros gerados pelos
desastres naturais, que se acumulam durante meses nos municípios, com
riscos para a saúde, e resumiu a questão multifacetada da ocupação do
solo na região serrana: "É um problema de planejamento urbano e uma
questão de saneamento ambiental. Mas tem também o lado cultural de como a
cidade cresceu, como ela se desenvolveu.
#Fonte: Agencia Brasil
Em 20 anos, secas e enchentes afetaram 86 milhões de brasileiros
Reviewed by CanguaretamaDeFato
on
22.3.13
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