Relógio é marco principal da praça Gentil Ferreira
“A fotografia é uma ferramenta de mudança social”. Essa foi uma das
frases escolhidas pela estudante Raiane Miranda, de 19 anos, para
definir a conclusão da primeira etapa do projeto 50mm no bairro do
Alecrim, em Natal.
Guiados pelo depoimento de quem frequenta, trabalha e vive no local, o
famoso bairro natalense foi registrado, em fotos e vídeos, durante nove
meses. Esse foi o tempo de imersão dos estudantes do Curso Técnico
Integrado em Multimídia,
oferecido pelo Campus Natal-Cidade Alta do IFRN. Nesse
período, foram realizadas entrevistas com mais de 80 pessoas, buscando
encontrar elementos que definissem os sete pontos que representam o
Alecrim.
Segundo Beto Leite, servidor do IFRN e um dos coordenadores do
projeto, a ideia era ultrapassar a visão generalista que as pessoas
costumam ter sobre o bairro, associando-o quase sempre apenas ao
comércio. Assim, sete marcos foram
divididos com os seguintes temas: o Mercado da Avenida 6; Avenidas;
Camelódromo; Praça Gentil Ferreira; Feira do Alecrim; Igreja São Pedro e
a Escola de Samba Águia Dourada.
Esse último marco foi desenvolvido de forma independente por Raiane
e, de acordo com ela, foi a parte mais marcante do projeto. “Quando eu
planejei, eu ainda não conhecia a escola. Só depois que eu fui na sede
deles no Alecrim.
Conheci os organizadores e cada pessoa que fazia parte da escola, eu
fiquei muito encantada. São pessoas realmente incríveis, muito
batalhadoras e eles movem montanhas para desfilarem todos os anos, isso
desde 2004. O Francisco, que é um dos responsáveis,
me acolheu com um carinho enorme, me contou suas histórias, suas
vitórias, suas dores e foi um momento que eu me apeguei à escola e ao
projeto”, disse a estudante.
Produção Audiovisual
Criado em 2016, o 50mm é um Projeto de Extensão do Campus
Natal-Cidade Alta do IFRN (CAL), composto por seis estudantes e
coordenado, além de Beto Leite, pela professora Vanessa Trigueiro. Em
parceria com o Criatif, outro Projeto
de Extensão do CAL, o processo de imersão e criação foi norteado pelo
método “Fuxico”, de autoria da professora Silvia Matos, professora de
design do IFRN. O método foi adaptado para se enquadrar ao contexto do
50 mm que possibilitasse a produção fotográfica
e audiovisual.
“No primeiro ano já havíamos decidido que iríamos trabalhar com o
método Fuxico da professora Silvia Matos. No segundo ano, nós adaptamos o
método e no terceiro, ao sairmos do contexto da cobertura de eventos e
ações, resolvemos
fazer um trabalho sobre o bairro do Alecrim, tudo isso sempre
trabalhando com fotografia e audiovisual”, disse Beto sobre a
transformação do 50mm ao longo dos seus três anos de existência.
Assim como os demais participantes do 50mm, Raiane contou com a
hospitalidade dos entrevistados do bairro, “que não mediram esforços
para que o trabalho fosse bem executado nos mínimos detalhes. No dia da
execução eu estava com
medo de que algo desse errado. Então eu me prontifiquei a orientar
várias coisas e manter tudo em ordem.
E foi no meio da rua, fizemos as
fotos lá na Avenida 4 do Alecrim, isso com as pessoas fantasiadas,
roupas pesadas e muito delicadas. Foi uma experiência
única que exigiu toda a minha atenção. E naquela tarde eu me
concentrei, esqueci de todo o resto do mundo e que bom que tudo deu
certo”, celebrou.
Nova visão
O Alecrim foi retratado de uma forma além do que é contado em livros
de histórias ou nas notícias cotidianas dos jornais. Com o material
fotográfico e audiovisual coletado pelo 50mm, o bairro recebeu uma nova
visão, guiada pelos
olhos de quem realmente o vive. “A gente teve uma preocupação de
trabalhar com uma memória do bairro, não com a história, não com o que o
historiador escreveu, mas com o que é valoroso para aquelas pessoas que
ali estão”, concluiu Beto.
Após a conclusão da primeira etapa, além de disponibilizar o material
registrado no bairro do Alecrim para toda a população por meio da
internet, os estudantes do 50mm vão ministrar oficinas para alunos do 5º
ano do ensino fundamental
sobre produção fotográfica e audiovisual nas escolas Café Filho, da
rede estadual de ensino, e na Henrique Castriciano, da rede municipal,
ambas localizadas no bairro das Rocas, em Natal. “É bom porque os alunos
vão fixar o conteúdo enquanto eles ensinam e
ao mesmo tempo a gente tenta dar retorno à sociedade com o trabalho que
a gente desenvolve”, disse Beto sobre as oficinas.
Conheça mais sobre o projeto:
Relatos dos produtores:
*Por Luiz Gustavo
Projeto de Extensão do IFRN Mostra Bairro de Natal Sob o Olhar Fotográfico de Estudantes
Reviewed by Canguaretama De Fato
on
3.3.20
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