Corpus Christi: tapetes marcam cerimônia religiosa no RN

Tapetes devem decorar vias públicas durante o feriado | Foto: Adriano Abreu

Na Igreja Católica, o feriado de Corpus Christi, comemorado nesta quinta-feira (19), celebra o sacramento do Corpo e Sangue de Cristo, representados simbolicamente pelo pão e vinho, para recordar a última ceia de Jesus com os apóstolos. Uma tradição da data são as procissões pelas ruas, com as vias decoradas com tapetes coloridos, algo que é costume para católicos de outros países e faz parte da cultura religiosa entre os devotos no Brasil desde a colonização.

A tradição dos tapetes coloridos teve origem em Portugal e foi trazida para o Brasil durante a colonização. Para a Igreja Católica, os tapetes simbolizam a acolhida de Jesus em Jerusalém, quando as pessoas cobriam as ruas de ramos e mantos para a sua passagem. Na paróquia de Candelária, em Natal, a tradição da confecção dos tapetes movimenta toda a comunidade.

O padre Francisco de Assis afirma que os tapetes são confeccionados desde o início da paróquia, há 47 anos, e comenta sobre a importância da simbologia da confecção da tapeçaria: “Os tapetes remontam a lembrança da entrada de Jesus em Jerusalém, e que agora ele não entra, agora ele vai às ruas. É um Cristo que está no meio do povo, que sai abençoando a comunidade e sai lembrando a todos nós que Cristo Eucarístico está indo ao nosso encontro, agora é a nossa vez também de irmos ao encontro de Jesus”, conta o padre.


Padre Assis comemora a efetiva participação da comunidade na celebração de Corpus Christi, seja desde a confecção dos tapetes até a participação na procissão, ele afirma que não consegue enumerar quanto voluntários participam de todo o processo. “A gente avisa nas missas, as pastorais vêm, idosos, crianças, adolescentes. A gente não define idade então quem não sabe desenhar, ou tem alguma dificuldade, traz um bolo, um café, uma pipoca, temos essa particularidade”, conta o padre.

O padre conta que a procissão segue apenas por ruas mais próximas à Igreja, prestigiando os moradores originários do bairro. A marcha sai após as nove horas da manhã, no retorno há uma benção e encerram-se as celebrações por volta das onze horas.

A fabricação dos tapetes dura aproximadamente dois dias, mas o trabalho inicia-se meses antes com o confecção dos desenhos e impressão do símbolos nas medidas exatas dos batentes e dos corredores da igreja. Os voluntários se revezam na confecção das nove da manhã às nove da noite e utilizam, principalmente, pó de serra, para o desenho das molduras, e areia fina, que é peneirada e tingida, com predominância das cores branca e azul.

Padre Assis afirma que as vezes também são utilizadas pequenas pedras de jardim e pó de café para fazer algum detalhe menor, como olhos. Ao final é borrifada uma mistura de cola branca e água para fixar os materiais e não colar no sapato do padre quando ele andar sobre o tapete.

#Fonte: Tribuna do Norte