RN: Hospital Infantil Varela Santiago tem 80 cirurgias suspensas em uma semana

Diretor afirma que procedimentos de ortopedia e otorrino foram retomados, mas pediatria continua parada em meio a impasse

A suspensão das cirurgias pediátricas no Hospital Infantil Varela Santiago, em Natal, segue sem previsão de retomada após uma semana de paralisação. O diretor superintendente da unidade, Paulo Xavier Trindade, informou ao AGORA RN que a situação preocupa tanto pelo impacto no atendimento das crianças quanto pela queda de arrecadação do hospital, que depende exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS).


“As cirurgias de um modo geral foram suspensas, aquelas que não eram de urgência, mas sexta-feira já voltou a ortopedia e no sábado já voltou a otorrino. A gente vai fazer mutirões com a otorrino e com a ortopedia para regularizar as que foram suspensas”, afirmou.
Diretor do Varela, Paulo Xavier fez um apelo para que a situação seja resolvida. Foto: José Aldenir / Agora RN


Segundo o diretor, a maior dificuldade está na cirurgia pediátrica. “Falta cirurgia pediátrica, que é uma das nossas principais. Nós temos preocupação. Temos preocupação com o paciente, mas também temos preocupação nossa, porque nós vivemos exclusivamente pelo SUS. Mais de 50% da nossa arrecadação é através de cirurgias aqui realizadas. Realizamos 54 cirurgias por mês. Dentre a cirurgia menor, que é a cirurgia de amido, adenoide, até os grandes tumores cerebrais”.

Na semana passada, cerca de 80 cirurgias foram suspensas por falta de profissionais. Com a retomada parcial, 5 procedimentos de ortopedia foram feitos na sexta-feira e 7 de otorrino no sábado. A expectativa é que mutirões reduzam a fila. “80 foi o número de cirurgias suspensas com falta de profissionais. Na sexta-feira, começou a ortopedia, operaram 5 pacientes. No sábado, começou a otorrino, operaram 7 pacientes”.

O impacto financeiro também preocupa. “Mais de 50% do faturamento do hospital é com a realização de cirurgia”, explicou. Segundo ele, a instituição pode recorrer a empréstimos para manter o funcionamento. “Eu vou ter que fazer o apelo nos bancos para emprestar… Eu espero que não falte, porque esse mês não vai faltar, esse mês a gente vai receber julho e agosto”.

Paulo Xavier fez um apelo para que a situação seja resolvida. “Eu espero e peço a Deus que esse problema seja resolvido, que as partes entendam e que os mais prejudicados em todos esses movimentos são aquelas pessoas que não têm acesso a um plano de saúde, então dependem exclusivamente do SUS”.Algumas cirurgias voltaram no Varela Santiago, mas a maioria continua suspensa, ainda aguardando definições. Foto: José Aldenir / Agora RN
Crise na saúde

O impasse começou após a Prefeitura de Natal encerrar o contrato com a Coopmed/RN e transferir a gestão das escalas médicas para as empresas Justiz Terceirização e Proseg Consultoria, contratadas de forma emergencial por valores que somam R$ 208 milhões anuais.

A mudança gerou protestos de médicos e do Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed), que acusam o município de descumprir decisões judiciais e de criar insegurança jurídica para os profissionais. Desde a transição, a rede registrou escalas incompletas em UPAs, paralisação de ambulatórios, suspensão de cirurgias eletivas e três mortes no Hospital dos Pescadores em apenas dois dias, episódio que agravou a pressão sobre a gestão municipal.

A Prefeitura sustenta que o processo foi legal, com ampla concorrência, e que a mudança era necessária para corrigir a fragilidade contratual da Coopmed, que atuava sem vínculo formal desde 2023.

A Secretaria Municipal de Saúde afirma que a normalização deve ocorrer gradualmente ao longo desta semana.

#Fonte: Agora RN