Impeachment é Destituído de Legitimidade Porque Excluiu o Povo, diz Ex-Ministro do STF Joaquim Barbosa
O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa
criticou nesta quinta-feira (12) a forma como foi realizado e conduzido o
processo de afastamento de Dilma Rousseff (PT), porque excluiu a
participação ou a consulta ao povo. "Não somos um bando de boçais que
pode ser conduzido com essa sem-cerimônia", afirmou, para o público que
participava do VTEXDay, encontro do setor de comércio eletrônico, em São
Paulo.
Para ele, o impeachment de Dilma é "destituído de
legitimidade profunda": "Do ponto de vista puramente legal, está tudo
certo, mas não é assim que se governa um país. Isso precisa de nós, o
povo".
Barbosa afirmou que, com o tempo, as pessoas poderão
pensar melhor sobre a "justeza" ou não do pedido, sobre a qual disse ter
"dúvidas muito sinceras". Ele disse que o processo lembra momentos de
cunho autoritário ao longo da história brasileira, como a ditadura
militar (1964-1985), quando o povo só assistiu.
Barbosa disse
ser a favor da convocação de eleições diretas para presidente, mas
ponderou que essa decisão é inconstitucional e certamente será barrada
pelo STF. "Sou radicalmente favorável à convocação de novas eleições.
Essa é a verdadeira solução, que acaba com essa anomalia [do
impeachment]", opinou. "Dar a palavra ao povo."
O magistrado disse ter defendido a renúncia de Dilma meses atrás, bem antes do desfecho desta quinta-feira, quando ela foi afastada temporariamente do cargo por até 180 dias.
Meses atrás, disse Barbosa, Dilma teria condições de condicionar sua
saída à adoção de uma série de medidas importantes para o país e poderia
propor também a renúncia de seu vice-presidente com ela. "Duvido de que
a população não a apoiasse", afirmou. A interrupção de mandato, em seu
andamento, é vedada pela Constituição, ressaltou.
Também fez críticas a Dilma: "Não digo que ela compactuou abertamente
com segmentos corruptos em seu governo, em seu partido e em sua base de
apoio, mas se omitiu, silenciou-se, foi ambígua e não soube se
distanciar do ambiente deletério que a cercava, não soube exercer
comando e acabou engolida por essa gente", disse.
Mas não poupou
o presidente interino, Temer: "É muito grave tirar a presidente do
cargo e colocar em seu lugar alguém que é seu adversário oculto ou
ostensivo, alguém que perdeu uma eleição presidencial ou alguém que
sequer um dia teria o sonho de disputar uma eleição para presidente.
Anotem: o Brasil terá de conviver por mais 2 anos com essa anomalia",
afirmou o ex-ministro, que também criticou o PSDB. "É um grupo que, em
2018, completará 20 anos sem ganhar uma eleição".
Barbosa disse
que se sentia obrigado a lançar provocações e reflexões para as pessoas,
mesmo que podendo frustrá-las: "Meu pensamento não acompanha o
pensamento da turba". E lançou dúvidas sobre o nível de confiança do
empresariado brasileiro e internacional, de modo a fazer novos
investimentos. "Quem vai ter confiança e investir num país que destitui
um presidente da República com tanta facilidade e afoiteza?"
O
magistrado afirmou ainda que a Operação Lava Jato não acabará com a
corrupção no país, porque isso é "irrealizável" e que o impeachment
favorece grupos hoje acusados de corrupção que querem a retaguarda de
outro governo para se proteger.
Impeachment é Destituído de Legitimidade Porque Excluiu o Povo, diz Ex-Ministro do STF Joaquim Barbosa
Reviewed by CanguaretamaDeFato
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